29 janeiro 2018

Olisipo

(…)
”Fortuna que neste caso também se encarregara de os bafejar com um bonito dia de sol e boa vista, que se abria à sua frente à medida que subiam pelo largo rio acima até ao fundeadouro onde iriam ancorar. A luz da manhã começava a iluminar bonitas praias que se estendiam ao longo de várias milhas, pontilhadas por pequenas aldeias de pescadores e emolduradas por suaves colinas verdes onde se podiam ver pequenas vilas pertencentes à elite da cidade. Não era uma terra plana, esta, mas ondulada, como se as ondas do mares estendessem pela costa adentro e abraçassem toda a terra que conseguissem antes de voltarem para trás, puxadas pelo eterno movimento que Nepturno lhes concedera.

As águas do estuário eram brilhantes e límpidas, deixando ver grandes cardumes de pequenos peixes prateados que certamente faziam as delícias dos locais e que em breve seriam também apanhados pelas redes que o mestre lançaria ao mar.

Para além da proa os cascos e mastros de muitas embarcações preenchiam a paisagem. Todas pareciam flutuar na neblina que calor ia fazendo sair do rio e sobre todas reinava a mesma paz que em breve seria corrompida pelos ritos dos mestres e capitães e pelo começar de mais um dia”.(…)

Inês Ribeiro & Raquel Policarpo in Segredos de Lisboa

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