Como são penetrantes os vales que se prolongam nos olhos que
(transbordam de visões
Transbordam como cântaros à beira da corrente
Como aloés plantados ao redor do acampamento
Como imagens de cedros vindo à memória de repente
Transbordam de palavras de quem vê e cai
Com os olhos cheios de sementes
Ele vê, mas não é para agora
Ele contempla, mas não de perto
Planta cedros para os anos futuros
Carrega cântaros para a sede que vem
Como são belas moradas as crianças prolongando-se
Como as palavras de Balaão que sopra nos juncos
Palavras do homem no lugar penetrante
De quem ouve. Palavras
De quem cai em êxtase e se ergue pelo tacto
Contempla por entre os aloés e os dedos
A criança que acampou connosco agora
O menino que abre uma estrela e nos convoca
Ele contempla. Ele vem. Ele é um cedro que transborda
Palavra de quem vê e derrama
Os olhos e os cântaros sobre si
Daniel Faria in Poesia
Sem comentários:
Enviar um comentário