Vento que irrompe forçando brechas duras,
entre rochas e nuvens,
ou rostos que recusam defrontar
a densidade negativa
de uma árvore espessa, mineral,
- torvo até agredir sepulcros, campanários,
teu disparo açula a fome do espaço violado:
um alcatraz jorrando
do seu pairo cego, seu grito pontiagudo,
de um abismo livre de muralhas
a atrair para tragar-nos com seus ecos,
um peito a verter-se em mananciais,
uma estrela a culminar em pétalas
que esperam a palavra terminante
para jorrarem em nós
até alagarem um mar, um descampado estreme,
sem poderem refrear
tanto ímpetu contra a nossa insónia:
arrojarem a luz ao contraí-la
e cegá-la, libertá-la em nossos olhos.
José Bento in Sítios
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