"As águas de Concord têm pelo menos duas cores, uma quando vistas à distância, e outra, mais exacta, quando vistas de perto. A primeira depende mais da luz e imita o céu. No Verão, em tempo claro, são azuis a pequena distância, especialmente se estão agitadas, mas a grande distância não fazem diferença. Já no mau tempo são algumas vezes escuras como ardósia. Do mar, entretanto, diz-se que é azul num dia e verde no outro, sem que haja qualquer mudança perceptível na atmosfera. Já tenho visto o nosso rio, quando a paisagem se cobre de neve, com a água e o gelo quase tão verdes como o capim. Há quem considere o azul "a cor da água pura, em estado líquido ou sólido". Mas, olhando de um barco directamente para dentro das águas, elas apresentam-se de cores muito diferentes. O Walden, ainda que observado da mesma perspectiva, ora é azul, ora é verde. Colocado entre o céu e a terra, participa da cor de ambos. Visto do alto da colina reflecte a côr do céu, mas de perto é de tonalidade amarelada junto às margens onde há pouca areia e, logo a seguir, de um verde-claro que pouco a pouco se intensifica até uniformizar em verde-escuro toda a extensão do lago. Dependendo da luz, visto de lá do alto da colina é de um vívido verde próximo da praia. Há quem atribua esse efeito ao reflexo da vegetação; mas o lago é igualmente verde no trecho próximo do talude da ferrovia na Primavera antes que as folhas desabrochem, de modo que o verde pode simplesmente ser o resultado da mistura do azul predominante com o amarelo da areia. Tais são as cores do arco-iris".
Henry David Thoreau in Walden ou a Vida nos Bosques
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