" - Para as águas furtadas, irmão, para as águas-furtadas - disse excitado, Faber, fazendo assomar a cabeça grisalha pela porta que Vidal tinha entreaberto.
- O que é que se passa? - perguntou Vidal. Interpôs o corpo, para que o outro não visse Nélida.
- Não ouviu os disparos? Uma pessoa julgava que estava no cinema. Você não há-de ter o sono leve, don Isidro. O que se passa é que eu, embora esteja a ficar surdo, quando durmo, tenho um ouvido!
Empurrava a porta para entrar, como se a sua malícia o fizesse suspeitar de alguma coisa ou tivesse entrevisto Nélida. Vidal agarrou com uma mão a portada aberta e encostou-se contra a outra. Declarou:
- Nem penso em ir para as águas-furtadas.
Faber retomou a explicação:
- Como se depararam com a porta fechada - agora o encarregado põe cadeado e chave - , quiseram abri-la com balázios. Menos-mal que apareceu um carro-patrulha, desses que para aí andam a exibir-se para que se diga que a ordem está assegurada. Mas prometeram voltar don Isidro. Se não acredita em mim, pergunte aos outros. Toda a gente ouvia.
- Participo-lhe que fico no meu quarto."
Adolfo Bioy Casares in Diário da Guerra aos Porcos
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