Uma vez mais as andorinhas
voltam ao poema. Nunca como hoje,
este ano, haviam assim voltejado
sobre o círculo do tanque. Voltam,
deste modo, ao verso que as vê.
Equivocadas, antes, bebiam em Maio
a água negra de um largo fosso
infernal. Na verdade, num turvo Maio
da alma, na água quieta.
Nesta estrofe, aqui, as andorinhas
são riso, em círculos concêntricos,
que faz vibrar a água, com o voar dos vultos,
escolhem, agora, o tanque mais translúcido,
a hera mais ágil e as rosinhas trepadoras
que tentam apanhá-las.
Na hora do pôr do sol, surgem
e levam-me até ao seu poema.
Fiama Hasse Pais Brandão in Âmago
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