Entraremos na noite
Para roubar
Um ramo florido.
Passaremos o muro,
Nas trevas do jardim alheio,
Duas sombras na sombra.
O inverno ainda não se foi
E a macieira aparece
De súbito convertida
Em cascata de estrelas perfumadas.
Entraremos na noite
Até ao seu trémulo firmamento,
E as tuas mãos pequenas e as minhas
Roubarão as estrelas.
E, secretamente,
Em nossa casa,
Na noite e na sombra,
Com teus passos do perfume
E com pés estrelados
O corpo claro da primavera.
Pablo Neruda
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