04 agosto 2011

Moinho-Mar

Quando as pás do moinho de vento
paravam na penumbra ouvia-se
melhor o mar.
Nas outras horas o mar
era visível.

Víamo-lo volátil sobre as árvores
embora o soubéssemos um ser
rasteiro e térreo.
No verão, no crepúsculo
vermelho, mais o víamos
consubstanciado.

Mas vinha o som
quando se ia o vento,
depois de vaguear em volta do moinho.

E na penumbra e no tempo
das marés de outono, ouvia-se
um seu rumor, depois de ter girado
até à imobilidade o rodízio das pás.

Fiama Hasse Pais Brandão in Antologia

Sem comentários: