Como o guardador de vinhedos
tem a sua cabana e vigia,
eu sou cabana, Senhor, nas tuas mãos sem medos
e sou noite, ó Senhor, da tua noite fria.
Vinha, prado, velho pomar,
campo que a Primavera não perde,
figueira centos de frutas a dar,
mesmo em terreno de mármore que não cede:
Exalam perfumes teus ramos arredondados.
E tu perguntas se estou a vigiar;
sem medo, diluídos em seivas, acalmados,
teus abismos sobem por mim ao passar.
Rainer Maria Rilke in "O Livro de Horas"
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