01 maio 2011

4.

Esta é a mãe central com os dedos luzindo,
sentada branca sob a cúpula da cabeça truculenta, enquanto
as ressacas do sangue cantam nas cavernas;
este é o pólipo vivo agarrado ao meu peito como um mamilo
nas massas tecido
sobre o coração; que tem garras
à mesa
entre os talheres e a louça,
e noutros quartos é tão profunda se cai
o dia pela parede como uma janela,
se o espelho cai assim com o dia profundo
par dentro sempre
e para fora, uma poça;
é centralmente toda a mãe com uma cara magnificada
expelida pelas noites,
sussurando;
matriz mater madre e madrepérola
e pedra matricial minada pelos meandros da própria água
fina em sua agulharia de veias e artérias;
fundamento
de pavor e doçura
....
Herberto Hélder in Ofício Cantante

Sem comentários: