18 abril 2011

XLVIII

Dois amantes felizes fazem um só pão
uma só gota de luta sobre a erva,
deixam andando duas sombras que se juntam,
deixam um único sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram os fios, mas com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A alegria é uma torre transparente.

O ar, o vinho, vão com os dois amantes,
a noite dá-lhes as suas pétalas felizes,
têm direito aos cravos que apareçam.

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nasceram e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

Pablo Neruda in Antologia Breve

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